segunda-feira, 22 de junho de 2015

A ditadura da balança



22 de Junho

Todos os dias somos bombardeados quer na publicidade quer na comunicação social ou mesmo no entretenimento por corpos magros, esbeltos, sem gorduras. São raras as pivots de televisão com excesso de peso, por exemplo, e já nem vou falar das atrizes.
Ser magro é a lei e para muita gente subir à balança é um verdadeiro tormento. Ver o número a aumentar de mês para mês é um drama…menos na primeira infância.

Quando estávamos na Pediatria, todos os dias a Luísa era pesada. Todos os dias os meus olhos esperavam com ansiedade pelos números que a balança ia mostrar, como se fossem a chave do Euromilhões. Eu sabia que um aumento de peso me deixaria tranquila e às médicas também. Uma diminuição de peso era logo sinal para soarem os alarmes e a atenção ser redobrada.

A Luísa não é uma bebé gorda nem roliça. Há uns meses quando ainda grávida tentava imaginar a minha filha pensava sempre num daqueles bebés rechonchudos, com muitos refegos. Saiu-me uma bebé elegante.
Daqui a uns anos, se ela se mantiver elegante vai estar de acordo com o modelo de mulher que nos impingem e talvez seja feliz, mas por estes dias dava tudo para ter uma bebé gordinha.

Na sexta-feira passada foi dia de irmos à Pediatra. Ora ir à balança é obrigatório, mas os números que apareceram no mostrador é que não foram do meu agrado. 3,580 gramas!! Basicamente a Luísa em três semanas apenas tinha engordado 180 gramas!! Quando vi o peso juro que só me apeteceu chorar. Só 180 gramas? Como era possível?

Apesar de ter feito uma cara um pouco alarmada, a doutora F. logo fez as contas e disse que também não era assim tão preocupante, pois dividindo as coisas daria um aumento de 600 gramas por mês desde o nascimento.
Mesmo assim eu fiquei no chão. O que estaria a fazer mal? O meu leite não serve? Tudo isto mexe com uma mãe. Nenhuma mãe gosta de sentir que não basta à sua filha, nenhuma mãe gosta de sentir que pode estar a fazer algo de errado.

Devido às cólicas que a Luísa tem, (escusado será dizer que lhe deu uma dessas crises durante a consulta e que fez um berreiro descomunal) a Pediatra do Hospital tinha sugerido que passasse a dar só leite materno para tentar atenuar as dores da bebé. Apenas daria uma vez por dia o suplemento, na mamada que antecede o período em que a Luísa dorme mais horas seguidas. Assim fiz, convencida que estava a fazer o melhor para a minha filha.
Pois o resultado foi amargo. Não é que tenha notado que ela andasse com fome, porque continuava a fazer as mamadas de três em três horas e de noite já consegue dormir quatro ou cinco horas seguidas. No entanto o meu leite não deve bastar, daí o aumento de peso tão pequenino. Por outro lado, a Luísa adormece sempre a mamar e às vezes é difícil perceber se ela está mesmo a puxar o leite ou só a fazer do mamilo uma chupeta. Em média demoro 45 minutos em cada mamada por ter de estar sempre a acordá-la.

Resultado: por ordem da Pediatra a que vamos no privado voltamos agora a dar o suplemento depois do peito em cada mamada e para a semana estamos de regresso ao consultório para voltar a pesar a rapariga. Também por sugestão da enfermeira e médica que nos acompanham na Unidade de Saúde Familiar a dose do suplemento vai passar de 30ml para 60ml.
Se o aumento for notório o nosso “amigo” suplemento fica até ao fim, se não houver significativo aumento de peso estamos em maus lençóis. Esperemos para ver, mas acredito que com o suplemento o resultado vai ser positivo.

De qualquer das formas, até nova pesagem, aqui por casa estamos numa ditadura da balança, querendo que os números subam.


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