sexta-feira, 22 de maio de 2015

Um mês de Apressada



22 de Maio

Na verdade este post deveria ter sido escrito e publicado ontem, mas como tenho vindo a aprender com a maternidade fazer planos é coisa que agora é quase impossível. Pelo menos para mim, nestes primeiros tempos.

Ontem foi um grande dia cá em casa, a nossa Apressada fez um mês. Parabéns Little L! Contudo, confesso que para mim foi um mês sem sabor a mês. Primeiro porque só estamos em casa há pouco mais de uma semana e só agora é que eu estou a usufruir da verdadeira maternidade. Termos passado os primeiros 22 dias de vida da Luísa no Hospital roubou-nos muita coisa, mas o que importa é tê-la agora aqui, só para nós e sem batas brancas ou azuis pelo meio.

Ao longo deste mês muita coisa mudou na minha vida, nesta minha transformação em mãe. Estas são algumas das novidades que chegaram à minha existência depois da Luísa nascer:

Ter medo do Mundo
Passei a olhar tudo à minha volta com olhar desconfiado e estar híper alerta. Depois que a Luísa nasceu sinto como se o Mundo nos pudesse fazer mal a qualquer momento e me levar para longe da minha Apressada. Uma vez li num blog (já não me lembro qual!) outra mãe dizer que até ter um filho não tinha medo de morrer. Claro que se partisse ficaria triste porque deixaria para trás muitas pessoas que amava, mas depois de ser mãe esse medo tornou-se uma realidade e pensar em perder muitos momentos da vida dos nossos rebentos é cruel.
A partir do nascimento da Luísa também eu passei a sentir-me assim. Com medo. De tudo.

Respirar
É óbvio que para os seres humanos o respirar é fundamental. Mas hoje em dia para mim é o sinal de que posso ter alguma paz. Se a Luísa berra dou por mim a ficar louca, mas se ela dorme que nem um anjo dou por mim a tocar-lhe para que se mexa ou a enfiar a cabeça na alcofa só para ter a certeza de que está a respirar.
De noite muitas vezes até lhe ponho a chupeta na boca só para a ouvir a fazer o movimento de sucção e assim saber que está a respirar. Ser mãe é ser paranóica…

Sair de casa
Como já vos disse também sair de casa ou deixar a Luísa em algum lugar é uma tarefa incompleta. Primeiro porque o corpo vai, mas a cabeça fica.
Depois de semanas em repouso e os dias de internamento da Apressada confesso que há dias em que me faz bem sair um pouco de casa. (Embora esteja a descobrir um mundo novo lá fora, até ir às compras se tornou emocionante.) O problema é que saio e passados cinco minutos já me apetece voltar. A ligação e dependência mãe-filha é tão grande que eu acho que nós, mães, nos sentimos culpadas sempre que temos de deixar os bebés com alguém. Nestas alturas a minha relação com o telemóvel é de amor-ódio. Primeiro, porque a qualquer momento pego nele e ligo para saber como está a pequenita. Mas como só deixo a Luísa com pessoas em quem confio não há necessidade de lhes estar sempre a ligar e a fazer perguntas. Basicamente, não há necessidade de ser chatinha.

Voltar ao Hospital?! Nem pensar
A minha mãe já me disse que estou traumatizada com o Hospital. É muito provável… Embora estes primeiros anos de vida da Luísa vão ser recheados de muitas visitas ao Hospital eu continuo a ter medo de ela ficar doente e ter de ser internada. É por isso que por muito que agora já queira começar a dar uns passeios com ela e ir a casa de familiares fico sempre em stress elevado com medo que apanhe frio ou algum vírus e isso nos mande de volta à Pediatria. A equipa da Pediatria que não me leve a mal, mas eu juro que nunca mais vos quero ver. E vou fazer por isso.

Dormir
Ainda hoje perguntei ao J. quantos anos iria demorar até conseguirmos voltar a dormir uma noite inteira. Inocente que eu sou…
Esta semana houve noites em que a hora e meia que durmo entre mamadas foram dormidas profundamente, mas hoje aconteceu algo que com o meu sono de pedra achei que nunca iria acontecer.
Estava a sonhar com a Luísa e com outra bebé que esteve com ela na Neonatologia e depois na Pediatria. Um sonho com guião e tudo. A páginas tantas só sei que me levantei tipo flecha, porque a Luísa tinha começado a bolsar em grande. Não chorou, não fez som nenhum. Começou a bolsar e eu acordei. Aconteceu isto duas vezes esta noite.
Não sei explicar, mas foi como se estivéssemos na mesma sintonia.

Conselhos leva-os o vento
A minha amiga J. (http://cremepimenta.blogspot.pt/) já me disse para não ouvir os conselhos que toda a gente gosta de dar à mães de primeira viagem e seguir o meu instinto. Pois outro dia tive a prova disso mesmo. Fui pelo que me disseram e ia fazendo asneiras.
É claro que ao longo da nossa existência como mães vamos errar e acertar muitas vezes, mas vai ser isso que nos vai permitir conhecer os nossos filhos e, sobretudo, confiar nas nossas capacidades.
Por isso, venham os conselhos que vierem eu é que decido o que acho melhor, mas sempre com a opinião do pai, que o J. é um pai participativo e eu gosto de ter o aval dele.

E é com estas novidades na minha vida que encaro agora o meu novo papel de mãe. E vocês, que “traumas” ou novidades ser mãe ou pai vos trouxeram?

Já para ti Luisinha, obrigada por dares a conhecer à mãe e ao pai este Mundo novo, que apesar de muitas vezes assustador, também tem o poder de nos mostrar o que a vida tem de melhor: tu!

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