sexta-feira, 15 de maio de 2015

Lar, doce lar!



15 de Abril

Quando o dia 13 de Maio chegou a ansiedade era muita. Já sabíamos desde segunda-feira que a alta da Luísa estaria para quarta, mas com tantos avanços e recuos nesta história confesso que estava insegura. Só iria acreditar que estávamos livres desta etapa, quando visse a minha Apressada enfiada no ovo e dentro do carro a caminho de casa.

Nessa manhã, depois da Luísa ter sido observada pelas médicas e tendo já terminado todos os medicamentos, a reunião da equipa para decidir as altas demorou uma eternidade. Do berçário víamos a sala dos médicos e eu só pensava que eles tinham de lhe dar alta, já chegava de Hospital. A minha vontade em levar a Luísa para casa era enorme, que até disse parvoíces. Disse ao J. que se não lhe dessem alta que assinava o termo de responsabilidade para a levar embora. Podem imaginar o olhar dele… Nem disse uma palavra e eu caí em mim, mas já era o meu desespero a falar.

Ao final da manhã veio o veredicto: liberdade!!!!!! Juro que a seguir ao nascimento da Luísa foi um dos dias mais felizes da minha vida. Foi pegar nas trouxas e vamos para casa, antes que eles se arrependam!
Bem, na verdade não foi bem bem assim, da alta até à nossa saída ainda tivemos de esperar quase duas horas para resolver um problema com a minha baixa, pois a médica que a tinha passado na Neonatologia tinha-se enganado e na Segurança Social tinham-me alertado para esse facto.

Azar do caraças – porque na nossa história as coisas nunca são lineares, há sempre uma curva – a médica em questão estava de férias até dia 25 de Maio!!! Fiquei em desespero. Primeiro porque queria resolver aquele assunto de vez e não ter de voltar ao Hospital nos próximos dias e depois porque também estava farta de ir para a Segurança Social e aquela retificação era a única coisa que me faltava entregar para me ver livre da burocracia. (Só um aparte, eu e o J. vimo-nos à rasca para preencher a papelada da licença. Somos nós que estamos com as capacidades mentais diminuídas ou aconteceu o mesmo a mais alguém? Para não falar das informações díspares que íamos recebendo de todas as vezes que íamos à Segurança Social e eramos atendidos por uma pessoa diferente. Fenómenos!)

Felizmente, outra médica da Neo, a doutora T. veio em nosso socorro e ajudou-nos a resolver a situação da baixa com mais papelada e declarações para apresentar na Segurança Socia e depois de avanços e recuos lá mete-mos a rapariga no ovo e fomos para casa.

Como pais de primeira viagem estivemos 15 minutos para conseguir prender o ovo ao carro. Se vissem a nossa figurinha! O J. transpirou tanto a tentar prender o ovo ao banco, que quando arrancou o carro me disse que ia comprar o sistema de easylock (que é um balúrdio e nos vai servir para uns nove ou dez meses…), tal o desespero. Sinceramente acho que ele mais rapidamente termina um cubo mágico do que prende o ovo ao banco…

Depois de uma paragem na farmácia para comprar o leite da Luísa, que vai funcionar como suplemento ao leite materno, lá chegamos a casa com direito a berreiro. A Apressada fartinha de andar cá e lá achou que entrar em casa pela primeira vez merecia um choro. Passou rápido, valha-nos isso!
Em casa a dúvida era a temperatura. O J. que é o homem dos calores e eu a mulher do frio não chegávamos a acordo quanto à quantidade de roupa a pôr na bebé. Felizmente o nosso quarto, que agora também é o quarto da Luísa, é quentinho e basta a mesma roupa que ela usava na Pediatria e umas mantinhas.

A primeira noite foi bastante tranquila. A nossa Apressada não estranhou a alcofa – sai à mãe que também não estranha camas – e dormiu bem. Para mim foi mais complicado não ter as auxiliares da Pediatria a chegarem já com o suplemento prontinho e as viagens à cozinha para fazer os biberões foram feitas com os pés a arrastar e um olho aberto e outro fechado. Ainda assim fiquei muito feliz por a ter ali, juntinho a nós a ouvir a respiração dela na alcofa e nós na nossa cama. Finalmente a nossa menina estava em casa.

Foram 22 dias de Hospital desde o dia do nascimento da Luísa. Os outros dias já vão lá atrás, já nem penso neles e parecem agora muito distantes. Daqui para a frente vamos aproveitar ao máximo estes meses que vou estar com ela em casa para muito mimo, muitos passeios de carrinho, muitos momentos de contemplação. Afinal de contas a minha Apressada está em casa!!!


P.S. Enquanto esperávamos pela alta íamos vendo na televisão as celebrações do 13 de Maio em Fátima e porque há momentos simbólicos que não se devem ignorar o pai vai a Fátima de bicicleta e daqui a uns meses quando a Luísa for mais crescida vai connosco ao Santuário para assistirmos a uma missa e lembrarmo-nos que o dia 13 de Maio será também ele o dia da nossa menina.

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